Sebastião Salgado rompe il silenzio sul disastro nel Minas Gerais

Sebastião Salgado rompe il silenzio sul disastro nel Minas Gerais

Con otto giorni di ritardo, il fotografo sponsorizzato dalla Vale ha chiesto un fondo finanziato dall’impresa per aiutare la popolazione locale.

Sotto la pressione delle reti sociali, il fotografo Sebastião Salgado si è finalmente espresso sulla rottura delle dighe a Mariana, nel Minas Gerais. Con otto giorni di ritardo, il suo Istituto Terra ha divulgato un comunicato che chiede “l’assunzione di responsabilità da parte delle imprese coinvolte”. Le dighe si sono rotte il 5 novembre, ma il comunicato è stato pubblicato solo la sera del 13 novembre attraverso un post sulla sua pagina Facebook. Nel cammino verso la città di Mariana c’è la città di Aimorés, dove si trova l’Istituto Terra, fondato dal fotografo Salgado e dalla moglie Lélia Wanick Salgado alla fine degli anni ’90.

Diversi progetti dell’Istituto, che promuove lo sviluppo della Vale do Rio Doce, sono supportati dalla Vale, azionista della compagnia mineraria Samarco, insieme all’australiana BHP, responsabili ufficiali della diga. Uno di questi progetti è Gênesis, attraverso il quale tra il 2004 e il 2012 Salgado, con il patrocinio della Vale, ha visitato 32 regioni del mondo per registrare alcuni dei luoghi più incontaminati del pianeta.

Proprio per questa partnership, gli utenti internet hanno chiesto all’istituto e a Salgado stesso di prendere posizione sulla rottura delle dighe. “Nessun commento sul disastro nel rio Doce?”, ha chiesto Fernando Lessa. “Per favore prendete posizione sull’incidente di Samarco! è il minimo che ci aspettiamo da voi”, ha scritto Regina Zeitoune.

La risposta è finalmente arrivata sotto forma di dichiarazione ufficiale. Nessuna menzione né alla Samarco né alla Valle. “L’Istituto Terra comprende la necessità di azioni urgenti da parte dei poteri costituiti per ridurre al minimo la sofferenza della popolazione coinvolta e gli impatti sull’ambiente, nonché la necessità di fare pressione sull’assunzione di responsabilità da parte delle imprese coinvolte, in accordo con la legislazione brasiliana, per ottenere il pieno risarcimento dei danni causati.”

Il testo afferma che l’Istituto ha mobilitato il suo staff per preparare un progetto per il recupero del Rio Doce. “La proposta prevede di creare un fondo di risorse finanziarie sovvenzionate dalle imprese responsabili del disastro, che permetta di assorbire tutti gli investimenti e le azioni destinate alla ricostruzione delle condizioni ecologiche, così come di generare le risorse continuative per progetti sociali, economici e di creazione di posti di lavoro e reddito in tutta la regione che costituisce questo bacino idrografico”.

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Comunicato integrale in portoghese:

“Solidário a todos os atingidos pelo rompimento das barragens de rejeitos no município de Mariana, em Minas Gerais, em especial aos familiares das vítimas, o Instituto Terra entende que o momento exige ações urgentes dos poderes constituídos, no sentido de minimizar o sofrimento da população envolvida e dos impactos causados ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que deve atuar na responsabilização das empresas envolvidas, de acordo com a legislação brasileira, no sentido de efetivar a integral compensação pelos danos causados.

Durante toda a sua existência, o Instituto Terra pautou-se pelo verdadeiro sentido da palavra sustentabilidade, buscando ser interlocutor, mediador dos conflitos locais, mas também apresentando soluções técnicas efetivas para promover o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente. Diante do acontecido, o Instituto Terra imediatamente mobilizou todo o seu corpo técnico na elaboração de um projeto para recuperação do Rio Doce. A proposta prevê a criação de um Fundo com recursos financeiros subsidiados pelas empresas responsáveis pelo desastre, que possibilite, além da recuperação de nascentes, absorver todos os investimentos e ações destinados à reconstrução das condições ecológicas, bem como gerar recursos contínuos para projetos sociais, econômicos e de geração de emprego e renda em toda a região que constitui essa bacia hidrográfica.

O fundo deve permitir a criação de um patrimônio perpétuo para promover uma grande transformação no Vale do Rio Doce, saindo de um quadro de intensa devastação para um ambiente equilibrado, desenvolvido e produtivo. O projeto já foi discutido com os Governadores de Minas Gerais e do Espírito Santo, bem como com o Governo federal. Cofundador e Vice-Presidente do Instituto Terra, Sebastião Salgado tratou do tema diretamente com a presidente Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira (13 de novembro), em Brasília, que se mostrou empenhada e favorável à iniciativa, e assumiu o compromisso de criar um comitê para negociar com as empresas responsáveis pelas barragens de Mariana.

Além do Governo federal e dos Governos Estaduais, o plano para recuperação do Rio Doce deve envolver os governos municipais, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada, para pleno direcionamento dos recursos e tecnologias a serem empregados na região.

Já sabíamos que restabelecer a vida do Rio Doce seria um processo difícil e de longo prazo. Agora, exigirá mais empenho e urgência nas ações, bem como uma aprendizagem ambiental compartilhada com a sociedade.

Mais do que nunca, o resgate do Rio Doce, destruído ecologicamente pelo desastre, passará por medidas de recuperação de todas as nascentes da bacia, para garantir uma maior produção de água, bem como a reconstituição das matas ciliares e das reservas legais, para evitar a sobreposição e acúmulo de mais resíduos, assim como o fortalecimento de um modelo agroecológico de produção rural. Somadas a outras ações socioambientais e de monitoramento, de toda a cadeia produtiva, em especial a industrial, acreditamos que será possível alcançar o pleno restabelecimento da região.

O Instituto Terra reafirma seu compromisso com a missão de replantar a Mata Atlântica e trazer de volta a vida, a água, ao Vale do Rio Doce, com projetos conectados e voltados diretamente para a promoção do desenvolvimento pleno de um Vale que há anos sofre com os efeitos da degradação ambiental.”

Articolo pubblicato sulla rivista “Brasileiros” il 14/11/2015